Foi um dia, um dia como outro qualquer. Na realidade, nunca cheguei a perceber se era dia ou noite, estava escuro, mas havia uma parca claridade entrando pelas janelas tapadas que evocava talvez o fim da tarde. Não que estivesse a prestar qualquer atenção à altura do dia, não neste dia. Porque este dia, ou noite, foi quando morri.
Estava num salão grande, ou talvez um armazém, havia uma fraca claridade no ar e o cheiro a agulhas de pinheiro penetrava nas minhas narinas, misturado com o de sangue, morte e medo à medida que gente morria impiedosamente à minha volta. Com um grito girei a minha espada e abati-a sobre uma das figuras vestidas de negro que ameaçavam os meus. Sangue espirrou na minha cara mas não quis saber, cerrei os dentes e continuei, cortando e estraçalhando pelas figuras sombrias que dançavam à minha volta, matando, como eu e os meus fazíamos. Não são assim as batalhas afinal? Gostaria de saber quem ganhou, orgulho guerreiro talvez.
Depois, ele parou à minha frente, apenas uma figura sombria no meio de outras, mas algo o destacava. Uma aura de autoridade, de poder, e eu soube que tinha sido destinado a mim. Tudo pareceu desvanecer à nossa volta, os guerreiros, os assassinos, o sangue e a morte, tudo pareceu entrar em câmara lenta à medida que eu apertava a mão no punho da minha espada coberta de sangue. Não seria derrotada, nunca o fora. Um sorriso arrogante de antecipação e ergui a arma. Ele era meu. Arrogante, como eu, ele ergueu a dele num desafio, a que eu prontamente acorri soltando dos pulmões um urro de raiva. Ele aparou o meu golpe e dançámos, saltando e rodopiando enquanto o mundo se desvanecia à nossa volta. Parámos, as espadas cruzadas uma na outra e eu sorri. Não era páreo para mim.
Dor. Um fino risco de dor entre as minhas costelas e algo quente e molhado escorreu pela minha rude túnica cinzenta. Ele sorriu e olhando para baixo vi a lâmina cravada em mim até ao punho. Olhei de novo para cima e caí de joelhos. O sangue escorria, levando consigo a minha vida num rasto de vermelho. O meu olhar enevoou e eu percebi que tinha perdido. Caí e o mundo pareceu virado ao contrário. Então o medo substitui o choque e eu percebi que não sorriria à morte que me levava. Mas não fui a tempo. Assim que finalmente me apercebi que ia morrer, os meus olhos fecharam-se e a escuridão abateu-se sobre mim.
terça-feira, 25 de maio de 2010
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o.o de quantas vidas te lembras tu, hein?
ResponderEliminaresta mt fixe... (mas olha lá, a primeira parte está muito a catwoman xD sorry, tinha de dizer...)